28/01/2009

Saudades, retalhes e novidades...

As saudades de preencher este espaço eram muitas. Infelizmente as minhas jornadas académicas roubaram-me tempo para manter activo o blog. O mesmo sucedeu com o Luís. No entanto, deveriam os leitores compreender que continuamos a estimar profundamente esta nossa criação que agora é suportada com a colaboração de amigos que tal como eu, nutrem um amor especial pela música e arte.
Assim, deixo-vos este post de saudade garantindo-vos que o blog continuará com a qualidade do costume ou até mesmo melhor.
Informo também que o Sounds Against The Wall ,mesmo estando activo, continua em fase de remodelação, pois com o tempo de pausa que sofreu, alguns conteúdos do blog ficaram inactivos, como por exemplo, o nosso melodioso Gira-discos. Tentaremos também voltar a criar novas votações, dar uma nova imagem ao blog e reactivar o "Friends Against The Wall".

Para me redimir do monólogo melancólico e seco, deixo-vos uma pérola que encontrei por aí...





Muito Obrigado

Carlos Santos

26/01/2009

Passaporte Auditivo


Quase dois anos após a saída do seu último álbum (The Flying Club Cup - 2007) a banda de Zach Condon regressa com um duplo EP com raízes bem distintas. O primeiro, intitulado March Of Zapotec foi gravado no México e conta com a ajuda de The Jimenez Band. No segundo, Holland, temos um regresso aos primórdios, envendrando por um estilo mais electrónico, num registo semelhante às suas iniciais gravações caseiras.

O génio de Condon já nos havia habituado à variedade, acima de tudo, impregnando em Gulag Orkesta toda a armagura, emoção e instrumentalidade balcã e, posteriormente, a suavidade, dor e romantismo parisiense em The Flying Club Cup, apresentando-nos um verdadeiro hino à vida, à terra e aos seus povos nas suas melodias, construindo com o fulgor das trompetes, o bater dos tambores, a viagem de um acordeão ou um suave soar do ukelele, os mais sinceros postais dos locais por onde passa.

Por enquanto, resta-nos esperar de água na boca pelo EP e salivar ao som destas duas melodias já lançadas:








(Beirut- My Night With A Prostitute From Marseille , de Holland, a incursão electrónica)







(Beirut - La Llorona, de March Of Zapotec, o sabor mexicano)
Fotografia por Sergey Chilikov, autor das fotografias usadas na capa e contra-capa de Gulag Orkestar.
Texto por Rita Silva.


Se a Rita vos trouxe o que de Beirut há de novo, eu faço referência aos últimos trabalhos desta banda que, inicialmente, prometia ser um projecto a solo do vocalista, Zach Condon. O folk parece ser, sem dúvida, a principal referência, aliando-se a todo um conjunto de sons que faz lembrar as bandas filarmónicas, transpirando uma musicalidade repleta de energia, efusiva, alegre, como o verdadeiro folk deve ser.
Gulag Orkestar, de 2006, foi o primeiro álbum; depois da descrição que a Rita fez, pouco mais há a acrescentar. Talvez o facto de a banda parecer, neste trabalho, muito mais do Leste da Europa do que dos Estados Unidos, dê um toque muito distinto a toda a música do álbum. Um ano depois chegou-nos The Flying Club Cup, cujas letras são todas da autoria de Zach Condon. Enfim, mais um trabalho muito bem conseguido e cheio de vitalidade. A começar por uma chamada intensa (A Call to Arms), segue-se um rol de músicas fortes e com a sua quota parte de romantismo francês (basta avaliar a imagem que figura na capa).

Não esquecer os EP's lançados, de destacar Elephunt Gun. A primeira vez que ouvi esta música foi na Sic Radical, e devo dizer que facilmente identifiquei a autoria; seja a voz tão distinta de Zach Condon ou o dedilhar do ukulele, é impossível não reconhecer.
Possivelmente, toda esta exuberância que se traduz numa incrível mistura de multicultura, arte, diversidade, ideias e sons, está muito à frente do nosso tempo; pelo menos, se considerarmos que este é o tempo em que vinga a música de fácil digestão. É que Beirut, parecendo que não, prolifera num período musicalmente difícil.



Gulag Orkestar:
"The Gulag Orkestar" – 4:38
"Prenzlauerberg" – 3:46
"Brandenburg" – 3:38
"Postcards from Italy" – 4:17
"Mount Wroclai (Idle Days)" – 3:15
"Rhineland (Heartland)" – 3:58
"Scenic World" – 2:08
"Bratislava" – 3:17
"The Bunker" – 3:13
"The Canals of Our City" – 2:21
"After the Curtain" – 2:54



The Flying Club Cup:
"A Call to Arms" - 0:18
"Nantes" - 3:50
"A Sunday Smile" - 3:36
"Guyamas Sonora" - 3:31
"La Banlieue" - 1:58
"Cliquot" - 3:52
"The Penalty" - 2:22
"Forks and Knives (La Fête)" - 3:34
"In the Mausoleum" - 3:11
"Un Dernier Verre (Pour la Route)" - 2:51
"Cherbourg" - 3:33
"St. Apollonia" - 2:59
"The Flying Club Cup" - 3:05



Ana Luísa.

20/01/2009

Uma introdução (& The Black Keys)

Ora como já havia sido dito pela Ana, os donos deste blog encontram-se ocupados com diversas coisas, pelo que dar a este blog o devido tempo é difícil. Como tal, passaram-nos o testemunho (ou, melhor dizendo, pediram reforços) e -como com o novo sangue vêm novas ideias - tentaremos, mantendo a música ainda como primeiro plano, incluir também outras áreas das artes afectadas por esta. Acima de tudo, espero que opinem, contribuam, e que as nossas divagações pelo mundo musical vos entretenham.

Feita esta pequena introdução, passemos ao que interessa - música. Achei por bem, ainda num registo mais pessoal, apresentar-vos uma das bandas que mais me tem surpreendido desde que os descobri.

O seu nome é The Black Keys, um duo blues-rock composto por dois rapazes com uma dinâmica guitarra - Dan Auerbach - e persistente bateria - Patrick Carney.

Familiar? Talvez, pois esta receita repete-se numa das mais badaladas bandas da actualidade, tendo até os dois grupos surgido no mesmo ano - The White Stripes, cuja fama ultrapassa, e bem, a dos malfadados Black Keys. Contudo, é certo e sabido que fama não quer dizer qualidade, e em termos de qualidade The Black Keys estão num nível tão bom - ou melhor - quanto os seus "rivais".

As músicas são intensas, um libertar de energia, as melodias ásperas e fortes com um toque de punk-rock, mas a essência blues está toda lá, resultando numa explosão de fulgor contagiante e músicas que são um deleite tanto para os amantes do rock, como os de blues.

Até ao momento contam com 5 albuns - tendo o último sido lançado em 2008, Attack & Release, produção de Danger Mouse, um nome bem conhecido devido à sua banda Gnars Barkley, responsáveis por um dos maiores êxitos de 2007, Crazy - e 2 EP's, e, infelizmente, apesar de terem mantido uma carreira estável, com um consistente número de fãs, esta é uma banda ainda caída na obscuridade.
Um nome a anotar e conhecer.

For Your Consideration:




(The Black Kyes - Just Got To Be)

Desta maneira me despeço, peço desculpa pela rudeza deste primeiro post, mas a fasquia é alta, decerto para a próxima será melhor.

Obrigada, Rita.

16/01/2009

Mil Novecentos e Sessenta.

Dá-se por encerrada a época de silêncio do Sounds Against the Wall.
Após alguns meses sem o mais pequeno indício de movimento, o sítio reabre com novos colaboradores (as), uma vez que os autores andam perdidos por jornadas académicas.
Manter-se-à o Friends Against the Wall, que procura manter activa a participação dos leitores, basta enviarem os vossos textos para o e-mail do blogue; o melhor de cada mês, como dita a tradição, merecerá destaque.
A novidade está no facto de alargarmos o leque de sugestões e críticas. Filmes com boa música e bons espectáculos (mesmo que não sejam concertos) serão aqui referidos. De resto, os ingredientes são os mesmos: crítica, divulgação, contacto.


Quanto a mim, apenas posso referir que é um prazer colaborar neste projecto que, a dado momento ficou inanimado entre milhares de sítios da blogosfera que (quase) passaram à história. A ideia era que, de facto, este não fosse "mais um blogue sobre música". E não vai ser.
Voltemo-nos agora para o título deste post: desengane-se o leitor se pensava que eu me ia ficar por introduções.
Mil novecentos e sessenta foi, a meu ver, O ano. O ano do que deu à luz a época áurea do grande rock, cheio de influências de vertentes como o folk ou o blues, cheio de guitarradas e vozes arranhadas. Se há algum período onde me revejo ao longo do século XX esse período é, indubitavelmente, a década de 60. Motor City Five, Jimi Hendrix, Led Zeppelin, Pink Floyd, Iggy Pop, The Yardbirds ou Neil Young estão, sem dúvida, entre as minhas preferências musicais, e todos tiveram como berço o clima de distorção e pop art da década de Warhol, da literatura beat, das revoluções sexuais, da chegada do Homem à Lua. O mesmo clima que se estendeu até aos anos setenta, onde se reuniram codições para agravar a distorção, nascendo o hard rock, o punk, o classic rock...




Led Zeppelin é A banda. Led Zeppelin II é O álbum. Whole Lotta Love é A música.


Limpas as teias de aranha, o SATW está, oficialmente, reanimado.

Cumprimentos,

Ana Luísa.