31/03/2008

O Camaleão.

Em 24 de Maio de 1941 algures no estado do Minnesota, nascia Robert Allen Zimmerman, filho de judeus provenientes da Rússia.
Aos dez anos, Robert escrevia os seus primeiros poemas. Pouco depois aprendia a tocar piano e guitarra... sozinho.
Foram estes, os primeiros acordes da vida daquele que é conhecido em todo o mundo pelo nome de Bob Dylan.
Dylan, como deu para para perceber
, desde criança demonstrou um grande interesse e talento para a música, interesse esse que foi mantendo ao longo da sua juventude.
Além de ouvir imensa rádio (desde blues a country, passando também pelo Rock 'n' Roll), Bob Dylan teve ainda algumas bandas, quase todas de curta duração e sem grande relevo.
Artista essencialmente folk / country / blue, não deixa de ser curioso observar que ele começou inicialmente com um estilo mais virado para o rock. Mas o tempo fê-lo perceber que isso não o preenchia, e a mudança fez-se naturalmente - "The thing about rock'n'roll is that for me anyway it wasn't enough...There were great catch-phrases and driving pulse rhythms...but the songs weren't serious or didn't reflect life in a realistic way. I knew that when I got into folk music, it was more of a serious type of thing. The songs are filled with more despair, more sadness, more triumph, more faith in the supernatural, much deeper feelings."
A entrada na universidade acelerou o processo, e daí a trocar a sua guitarra eléctrica
por uma acústica foi uma questão de tempo - "The first thing that turned me onto folk singing was Odetta. I heard a record of hers in a record store. Right then and there, I went out and traded my electric guitar and amplifier for an acoustical guitar, a flat-top Gibson."
Depois de curtos anos a "cultivar" o gosto pelo folk, Bob Dylan parte naquela que pode ser considerada a viagem da sua vida. Ao volante de um Impala de 57, o "miúdo" atravessa metade do território americano e alcança Nova Iorque. The Big Apple era o cerne da nova corrente artística, bem como o local onde se encontravam as lendas que lhes serviam de referência.
Com a companhia de Lou Levy, Dylan conheceu os responsáveis da editora Columbia, entre outras celebridades e pessoas com poder no ramo musical.

Mal vestido, magro, com uma velha guitarra e uma "engenhosa" harmónica, Bob Dylan começou a ganhar peso na música americana, interpretando músicas de Wood Guthrie, a sua maior referência musical, mas também temas que ele próprio compunha.
Mas, o que difere Bob Dylan de tantos outros artistas?
Atitude.

O seu carácter rebelde, acentuado pelos seus ideias, deixaram uma impressão não só na música, mas no Mundo. Esta faceta de Dylan ficou bem vísivel em plenos anos 60, onde ele, juntamente com Joan Baez - foram membros activos nos movimento a favor dos direitos cívis.
Voltando à música, Bob Dylan é fácilmente identificável pela sua voz. Apesar de não ter qualquer beleza sonora, a voz dele, associada à maneira como canta, tornam-na inconfundivel. É difícil de descrever, mas encaixa perfeitamente quer na guitarra acústica, quer na harmónica ou mesmo no piano e a simbiose do conjunto é deveras impressionante.
Outro aspecto que o tornam difícil de confundir são sem dúvida as letras. Hinos como a
Blowin' In The Wind, Don't Think Twice, It's All Right, Don't Think Twice, It's All Right, ou mesmo a Knockin' On Heaven's Door (tida como uma das covers de mais sucesso de sempre, depois de interpretada pelos Guns N' Roses).
Dylan disse que escolheu o folk pela liberdade que as letras lhe davam, e só nos resta di
zer: em boa hora o fez.
Mas tudo isto não faz Bob Dylan, como já o dissemos, a sua índole é a responsável pela seu estatuto de eterno.
Mais do que a voz desafinada ou a aparência descuidada, Bob Dylan marca a sua identidade pela sua personalidade única. Esta, nota-se rebelde e despreocupada com o que a imprensa ou os fãs possam pensar. Prova disso, é esta entrevista que Bob Dylan concedeu ao Time Magazine, que pode vê-lo em baixo.



Assim, mais que o artista, a personalidade fincada que marcou o mundo.
Bob Dylan


Discografia:
-Originais:
-Bob Dylan, 1962
-The Freewheelin' Bob Dylan 1963
-The Times They Are a-Changin' - 1964
-Another Side of Bob Dylan -1964
-Bringing It All Back Home - 1965

-Highway 61 Revisited - 1965
-Blonde on Blonde - 19
66
-John Wesley Harding - 1967

-Nashville Skyline - 1969
-Self Portrait - 1970
-New Morning - 1970

-Pat Garrett & Billy the Kid - 1973
-Dylan - 1973
-Planet Waves - 1974
-Blood on the Tracks - 1975
-The Basement Tapes - 1975

-Desire - 1976
-Street Legal - 1978
-Slow Train Coming - 1979

-Saved - 1980
-Shot of Love - 1981
-Infidels - 19
83
-Empire Burlesque - 1985

-Knocked Out Loaded - 1986
-Down in the Groove - 1988
-Oh Mercy - 1989
-Under the Red Sky - 1990
-Good as I Been to You - 1992
-World Gone Wrong - 1
993
-Time Out of Mind - 1997
-Love and Theft - 2001

-Modern Times - 2006

-Compilações

- Bob Dylan's Greatest Hits - 1967
-Bob Dylan's Greatest Hits Vol. II - 1971
-Masterpieces - 19
78
-Biograph - 1985

-The Bootleg Series, Vols. 1-3: Rare And Unreleased, 1961-1991 - 1991
-Bob Dylan's Greatest Hits Volume 3 - 1994
-The Best of Bob Dylan, Vol. 1 (UK) - 1997
-The Best of Bob Dylan, Vol. 2 - 2000
-The Essential Bob Dylan - 2000
-The Bootleg Series Vol. 7: No Direction Home: The Soundtrack - 2005
-The Best of Bob Dylan (US) - 2005

-Dylan - 2007

Aproveitamos este artigo para dar a conhecer aos leitores que não têm prestado atenção ao mundo cinematográfico, que está em exibição um filme sobre a vida de Bob Dylan cujo título é I'm not there. No filme fica bem vincado o porquê de Dylan ser apelidado como o homem das mil caras, pelo facto do papel ser representado por 6 actores distintos.

4 comentários:

Luisa disse...

Brutal, o que ele diz na entrevista ao Time Magazine. :| que inclusive, aparece no filme "I'm not there".
Gostei muito do artigo. *

Luís Almeida Ferreira disse...

O Camaleão é o David Bowie, pessoal. :)

Anónimo disse...

Esta voz inesquecível.
Abraço Che

Anónimo disse...

Belo texto, eu já conhecia um pouco da música dele (especialmente a the times they are changing, if you see her say hello, blowin' in the wind e claro a knocking on heavens door), mas o filme deixou-me de rastos! Muito bom! A atitude dele é qq coisa de fenomenal!
Tenho pena de não o ir ver ao Alive, mas já gastei muito guito em festivais este ano... :(
Mais uma vez parabéns plo texto e pelo blog!
cumpts