17/02/2008

NIRVANA - Smells Like Grunge Spirit

Nirvana: Segundo a concepção budista, é o culminar de uma longa caminhada que visa a libertação, alcançando assim um estado de serenidade perfeito onde a mente se liberta do corpo.
Foi com este conceito em mente que 3 jovens irreverentes deram inicio à banda que ainda hoje se afirma como uma das mais célebres bandas de todos os tempos. Falamos claro de Kurt Cobain, Dave Grohl e Krist Novoselic.

Estamos em 1989 e vivem-se ainda as tranquilas melodias tão características dos saudosos 80's, até que surge algo drasticamente inovador. Depois de um simples e discreto single, os Nirvana, ainda sem Dave Grohl, lançam o seu primeiro álbum (Bleach). Apesar de não ter tido uma grande comercialização, este veio romper com os padrões tradicionais que se vão impondo nesta época de transição. Com voz arranhada, guitarra distorcida e bateria em sintonia este é o álbum que inicia a chamada era do Grunge. No entanto, este álbum passa despercebido quando comparado com o seu próximo álbum: Nevermind. Aliás, arriscamo-nos mesmo a dizer, que todo o grunge passa despercebido até ao surgimento deste álbum que revolucionou e deu novo alento ao próprio conceito do grunge que até então era quase inexistente. E de certa forma é fácil perceber o porquê de isto ter acontecido, este álbum é substancialmente diferente do Bleach. Os conceitos mantêm-se, mas a sonoridade evolui de forma bastante positiva, com músicas com uma sonoridade mais elaborada que ficam na memória e na saudade de qualquer um, como é o caso de Smells Like Teen Spirit, Come As You Are e Polly. Tornou-se assim um álbum mais easy listening, não tendo contudo perdido qualidade. Se muitas vezes "acusam" os Metallica de terem levado o metal ao mainstream, acho que não se pode dizer menos sobre os Nirvana em relação ao grunge.
Poderíamos falar em números para explicar o quão assombroso foi o sucesso da banda com o lançamento de Nevermind , mas deixemos que a constante nomeação deste álbum para integrar as listas de melhores álbuns de sempre falem por si...
O In Utero foi o sucessor natural do Nevermind. Com o mesmo género melódico, letras fortes mas ao mesmo tempo acessíveis a todo o público. Este é considerado por muitos críticos como o apogeu da banda. Se o Nevermind lançou os Nirvana para o topo, o In Utero soube mantê-los por lá.
No entanto Kurt Cobain era demasiado peculiar mesmo para além da escrita e interpretação de canções, e isso foi óbvio na forma como lidou com a fama. Ao contrário de muitos, não se deixou iludir pelo dinheiro e pelo prestígio que tinha, mas por incrível que pareça, parece ter agravado a sua condição psicológica com tudo isso. Devido à sua doença bipolar, Kurt Cobain sofria constantes depressões. Essa doença deu mesmo origem à canção Lithium, que significa Lítio, um elemento usado para combater esta doença.

Diz-nos o bom senso que o que é bom (ou neste caso, muito bom) acaba depressa, e os Nirvana não são excepção...

Estamos em 1994 e os Nirvana estão no auge. Concertos nos mais variados pontos do globo e a consagração perto de ser feita durante a gravação do seu Unplugged nos estúdios da MTV em Nova Iorque, façanha essa só ao alcance das melhores bandas não faziam prever o que se passaria meses mais tarde.

April 8th, 1994,
"Notícia de última hora: Kurt Cobain, vocalista da banda Nirvana foi encontrado morto em sua casa, as autoridades suspeitam que tenha sido suicídio."

E foi com uma notícia idêntica a esta que se fez luto no mundo da música.
Morreu a alma dos Nirvana e com ela também o corpo que a suportava. Estava desfeita aquela que será sempre lembrada como a grande impulsionadora do movimento das sapatilhas All Star, das camisas de flanela, do cabelo comprido e atitude descontraída. Estava desfeita mais do que uma banda de música, tinha acabado A banda de eleição de milhões de pessoas em todo o mundo.
Ainda nos dias que correm, a sua morte está submersa em muita controvérsia e dúvida quanto à autoria da sua morte.
Morreu a lenda, permaneceu o legado...

Leaven: Esse legado, foi-me passado pelos meus primos era eu ainda uma criança e subsequentemente, muito verde no que toca a música. A verdade é que até aos dias que correm, nunca deixei de ouvir e gostar de Nirvana. Não foi um simples momento de agrado ou uma vulgar corrente de moda, foi e continua a ser algo intrínseco à minha pessoa. É o legado que me foi passado e que espero conseguir o mesmo sucesso quando for a minha vez de passar este valiosíssimo testemunho.

Luís Miguel: Confesso que comecei a ouvir Nirvana há relativamente pouco tempo, pois ao contrário do Leaven não tive a sorte de ter influências tão boas no que toca à música. No entanto, conheço toda a obra deles e se mesmo eu nutro uma admiração por eles e quando o Kurt morreu tinha eu 4 anos, imagino aquilo que não sentirão pessoas que viverem o auge da carreira deles...E é esse sentimento que sei que existe que me faz admirá-los tantos. A música tem de ser mais, muito mais do que um conjunto de sons. Tem de ser sentida e verdadeira por parte de quem a compõe e tocante para quem a ouve. E se houve alguém que conseguiu fazer isso bem foi sem dúvida Kobain e Cª.

08/02/2008

Sean Riley & The Slowriders - Entrevista

Conforme tinhamos dito, aqui temos uma das surpresas que vos tínhamos prometido.

A entrevista com os Sean Riley & The Slowriders inaugurará aquele que será um espaço regular neste blog, destinado a entrevistar as boas bandas da música nacional.

Para quem não conhece os Sean Riley, posso adiantar que eles são um trio conimbricense liderado por Afonso Rodrigues, contando ainda com Bruno Simões e Filipe Costa. Apenas contam com um disco (Farewell) lançado há não muito tempo, mas são já uma das certezas da boa música portuguesa.

Confira agora a entrevista que o Afonso nos concedeu:



SATW - Ao fazermos o nosso trabalho de casa para esta entrevista, um dos problemas com que nos deparámos foi com a falta de informação sobre vocês. Assim sendo, é com alguma pena nossa que não podemos evitar a "tradicional" questão:
Como foi ao certo a génese da banda?

Primeiro comecei por escrever canções sozinho. Acabei por conhecer o Bruno na rádio e mostrei-lhe uma delas. Começámos de imediato a tocar juntos. Mais tarde tornei-me amigo do Filipe que acabou por se juntar a nós.

SATW - Sean Riley & The Slowriders: O nome sugere alguma independência entre os intervenientes do grupo. Foi o “Farewell” apenas um álbum que surgiu dum trabalho conjunto mas pontual, ou será esta uma banda que, quando for futuramente analisada, possuirá, na sua estrutura, os mesmos elementos presentes?

No próximo disco terá em principio os mesmos elementos e, muito provavelmente, mais alguns...

(Passando agora para a música propriamente dita…)

SATW - Reparámos que o vosso álbum é bastante coeso; mantém um estilo muito próprio onde se nota um tom melancólico em perfeita simbiose com o típico folk. The Smiths e Velvet Underground foram duas bandas que encontramos associadas ao vosso nome. Revêem-se em alguma delas, ou, pelo contrário foram "beber" influências a outro lado?

Revejo me sem duvida nos Velvet, e nas suas influências. Não vejo nada na nossa música que possa estar ligado aos Smiths.


SATW – Sendo o iPod um aparelho tão vulgarizado nos dias de hoje, que músicas passam nos vossos?

O meu iPod é um shuffle, tem a grande vantagem de nao se ver o que esta a dar, é preciso adivinhar! Na última semana... Melanie Safka, Buffalo Springfield, Amy Winehouse, Entrance, Mississippi John Hurt, The Allstar Project, Nick Cave, etc, etc, etc



SATW - Como banda recente, vêem-se inseridos na geração MySpace, mas, como é óbvio, aliado a esse facto está a inevitável partilha ilegal de ficheiros pela internet. Para vós é algo natural (para se conseguir chegar ao público) ou abominável (seja qual for a situação)?

Acho que é uma situação delicada. Por um lado é óptimo estarmos à distância de um clique de qualquer música no mundo, do presente ou do passado. É óptimo para uma banda como nós que a nossa música possa chegar a países onde o nosso disco provavelmente nunca vai estar à venda. Por outro lado, se toda a gente deixar de comprar discos e se contentar com cds da tdk com uma data de ficheiros importados do emule... vamos ter alguns problemas. Se as editoras deixarem de vender, deixam de investir, o que vai complicar a vida principalmente aos novos artistas, aos que nunca editaram e que não dispõe de capital suficiente para investir numa primeira edição.
Não são os Radihead que vão sofrer com a quebra/queda da indústria...

SATW- Atendendo à forte essência de algumas das vossas letras…
Tomando como exemplo um trecho da "Harry Rivers": “Harry loves drinking, Harry loves fishing, spends his days mostly wishing”.
Este Harry é um exemplo que engloba os sonhadores em geral? Encontrou ou encontrará ele o que deseja (ou vai desejando)?

Os sonhadores padecem da grave condição de viverem o futuro e não o presente. Isso origina um mal-estar, um peso, que por vezes, numa fase inicial, é difícil de identificar.

SATW- Para terminar, mas apenas por hoje porque vamos continuar a acompanhar-vos, gostaríamos de vos questionar acerca de planos futuros. Como será “o dia de amanhã” dos Sean Riley & The Slowriders?

Para já, os planos passam por continuar a promover o Farewell, que é o que temos vindo a fazer desde Outubro. Tocar, tocar, tocar... já estamos com cerca de 30 concertos marcados até Abril, temos a tour com Wraygunn, vamos voltar a Espanha, passar por Inglaterra e em princípio por mais países da Europa. Continuar a desenvolver contactos, e quem sabe conseguir distribuição lá fora do nosso trabalho.

Deixamos aqui um grande Obrigado aos Sean Riley & The Slowriders por nos concederem esta entrevista.

http://www.myspace.com/seanrileymusic

Nota dos autores: Uma vez que realizámos esta entrevista sem termos contacto físico com o entrevistado fez com que não pudéssemos aprofundar alguns temas. Tentaremos completar esta entrevista quando os Sean Riley & Slowriders vierem a Viseu para mais um concerto da sua digressão com os Wraygunn, caso haja oportunidade para tal

06/02/2008

Friend Against The Wall - Fevereiro

O Sounds Against The Wall orgulha-se de anunciar que o primeiro(a) vencedor(a) do concurso: "Friend Against The Wall" é: Enthilza que nos deslumbrou com um artigo sobre os Motor City Five.


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Motor City Five – A explosão de Kick Out The Jams.

Kick Out The Jams. Este foi o álbum de estreia de Motor City Five. Estas foram as primeiras músicas que ouvi deles. Esta é a banda que revolucionou a história.
Como numa missa, a verdadeira fé ergue-se naquele que é um dos álbuns mais efervescentes da história. Foi numa mítica noite em Detroit, quando os calendários assinalavam o ano de 1968, que MC5 (Motor City Five) gravaram ao vivo o seu primeiro álbum, que ficaria para a história como um legado intemporal, Kick Out The Jams.
Com clara influência de Blues e Jazz – e dos seus grandes génios como Coltrane – MC5 combinam-nos perfeitamente com o duro Rock e criam música que estende qualquer etiqueta para algo mais. Não importava ser fixe, o essencial era deitar tudo cá para fora, as cordas vocais, o suor, o sangue, saltava cá para fora e espalhavam-se sobre a plateia pelos amplificadores em acordes lunáticos, solos que gritam aos deuses do profundo ser consciente, batidas que ditam o ritmo a que o sangue é bombeado do nosso coração.
Quando se põe este CD numa qualquer aparelhagem somos transportados para a plateia daquele concerto, assistimos e vibramos com pura essência Rock, todas as nossas células são transportadas numa viagem crua e cheia de alma para as guitarradas incandescentes, que abrem as portas de um mundo memorável, onde uma bateria apressada e fervorosa ruge pela noite num momento em que história era feita, e uma incrível voz testemunhal, de Rob Tyner, ecoa por calminhos ainda não explorados, comprimindo nas asas dos dedos dedilhantes a deixa para tudo aquilo que viria a seguir.
Estes senhores – com Dennis Thompson na bateria, Wayne Kramer e Sonic Smith na guitarra, e o vocalista Rob Tyner – foram o protótipo do Punk, pais do Rock, no fundo, padrinhos de vários estilos que os seguiriam.
A sua energia e garra em palco influenciou centenas de artistas e inspirou tudo o que viria a seguir, quer pelas suas fortes influências políticas de esquerda, o seu estilo revolucionário ou a música forte e actuou como uma verdadeira bíblia escondida daqueles tempos que a nossa geração nunca imaginou existir, mas que ainda hoje marcam a música. Este é o testemunho de um deus, um Messias, que todos deveriam conhecer, a que todos deveriam vibrar. No fundo, são os grandes clássicos, escondidos na sombra do independente. Enquanto se ouve Kick Out The Jams, MC5 são as veias do cérebro, são o ar que exalta pelos pulmões, são os músculos que nos sustentam os ossos, a nave que nos transporta para um tempo e lugar nunca antes conhecidos. Este é um álbum que marca quem o ouve, um legado mais tocante que Sgt. Pepper’s e, no entanto, esconde-se na bruma, ocultado por milhares de vozes masterizadas por computadores. Este é o álbum que a nossa geração precisava para ser reinventada.

Discografia:

Álbuns:

Kick Out The Jams – 1969

Back In USA – 19670

High Time – 1971

Babes In Arms – 1983


Compilações:

The Big Bang!: Best of the MC5 – 2000

Singles:

I Can Only Give You Everything - 1967

One of the Guys - 1967

Looking at You -1968

Borderline - 1968

Kick Out the Jams - 1969

Motor City is Burning - 1969

Tonight - 1969

Shakin' Street - 1970

The American Ruse - 1970

Over and Over / Sister Anne - 1971


Enthilza


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Para quem não se lembra, este artigo vem na sequência do nosso pedido para alguma colaboração por parte dos leitores. No meio das (ainda poucas, mas boas) propostas que nos chegaram, ambos ficámos impressionados pela forma como o artigo foi escrito.

A escolha do SATW recaiu sobre este artigo não só estar escrito de uma forma que alicia à audição de Motor City Five, mas por essa mesma escrita conseguir transmitir o enorme prazer que sentimos ao ouvir a nossa banda favorita, e acho que todos os que gostamos de música temos a noção do quão difícil isso pode ser.

Assim, damos os Parabéns e deixamos o agradecimento à Enthilza por este magnífico artigo.
Tal como tinhamos prometido, o vencedor vai ter direito a um prémio, ainda que simbólico. Neste caso a
Enthilza vai ter a oportunidade de colocar uma questão à próxima banda a merecer uma entrevista no SATW. Essa entrevista será publicado no mês de Março e terá, se tudo correr como desejamos uma banda com valor mais que provado com interveniente.

Caso queiram seguir as pisadas da Enthilza e colaborarem connosco, podem fazê-lo enviando os vossos textos para os seguintes mails:

luismiguel_sps@hotmail.com
fonzie_750@hotmail.com