27/03/2008

Subjectividade Musical

Caros leitores, quando este blog foi criado, eu tinha em mente algo mais do que um simples blog que apresenta-se uns artigos sobre bandas musicais, críticas de álbuns, etc. O meu desejo é que este espaço seja um "local" onde se possa aprender algo mais sobre música, mas também onde se possam trocar impressões sobre esta mesma arte. Assim sendo, eu, Carlos Santos, tendo em conta a ausência temporária do Luís, a pequena produtividade que o blog tem apresentado nos últimos tempos, e a falta de interacção com as pessoas que nos visitam e querem ter algo mais a dizer sobre a música, não usarei este tópico como sendo apenas um artigo expositivo, mas sim, como base de lançamento de um tema para debate.

Nos dias que correm, a música, mais do que arte, é um ramo comercial que tem como objectivo principal, a obtenção de grandes quantias monetárias de uma maneira muito simples. Na verdade, é fácil, basta arranjar uma mão de músicos bem parecidos e tratar de os publicitar.
Quando referi os dias actuais, é óbvio que não englobo todas as bandas recentes, mas tenho em consideração a maioria.
Em inúmeras discussões que travei acerca deste tema, um dos argumentos com que mais vezes me deparo é a subjectividade da música.
Assim, acho que existe uma lacuna na mente de muita gente, na medida em que não sabem fazer a distinção entre os gostos pessoais e o factor qualitativo objectivo.
Em boa das verdades, é possível afirmar que a nossa banda predilecta não é a melhor banda de sempre.
Há que usar o bom senso e a racionalidade para conseguirmos efectuar esta distinção.
Não me querendo alongar por muitas mais linhas,tentarei ser mais conciso na questão que vos vou colocar.
Poderá a música ser qualitativamente avaliada?
Se sim, que parâmetros deveremos eleger como mais relevantes?
Imagem/atitude da banda? Sonoridade? As letras das músicas?



Agradeço as vossas respostas.
Cumprimentos.
Carlos Santos

6 comentários:

Anónimo disse...

Com certeza que a música pode ser avaliada qualitativamente porque é algo universalmente presente na vida humana, se não o fosse qualquer crítica deixaria de fazer sentido. De que valia uma crítica se a música não pudesse ser avaliada?
Até na própria subjectividade a música é avaliada na sua qualidade, penso, contudo, que o busílis da questão reside em saber se existe um modelo musical que se possa qualificar de igual modo. Aí, admito que no meio de tanta gente, de tantas culturas e povos, certamente é impossível que uma música imprima os mesmos sentimentos em todos de igual modo, daí a diversidade de opiniões, ou avaliações qualitativas. Ainda assim, não esqueçamos que também é possível que dentro de tantos sujeitos se encontrem pequenos "grupos" cujos sentimentos produzidos por uma mesma música sejam os mesmos e esses irão avaliar do mesmo modo essa música.
Segue-se saber até que ponto existem critérios de avaliação para a música. A meu ver, a avaliação de uma música deve basear-se principalmente no sentimento. A sonoridade, aliada às letras, é o cerne, o ponto de viragem, é daí que brota o sentimento. E cabe ao ouvinte descodificar esse sentimento, enquanto meio para avaliação.

Anónimo disse...

Esta é uma questão interessante sobre a qual já me tenho debatido diversas vezes em discussões com amigos e há algo que dizes no teu texto que eu estou plenamente de acordo e penso que é um ponto muito importante nesta questão: a "distinção entre os gostos pessoais e um factor qualitativo objectivo". De facto, para se abordar esta questão deve ter-se em conta apenas o factor qualitativo, algo que a maioria das pessoas do nosso tempo não faz, e vês aí imensa gente a ouvir porcaria e quando lhes vais perguntar “porque é que ouves isso?” eles dizem “porque gosto e gostos não se discutem”, seja lá o que for que eles entendam por gosto.
Eu não encaro a musica como algo sentimental, senão teria de me sujeitar a muita coisa que há por aí, porque se vais perguntar a qualquer jovem do nosso tempo como classifica a sua musica favorita ele vai dizer "a que me desperta certos sentimentos..." ou coisa parecida; não estou a dizer que sou completamente imune aos sentimentos que uma música me pode transmitir, não sou tão fria a esse ponto. Eu penso que fundamentalmente há uma parte técnica da música que transcende a parte sentimental. O sentimento vem depois; quando depois de perceberes a musica, depois de a teres alcançado, a levas contigo para o teu lado mais pessoal e lhe conferes um significado. A música não é de todo subjectiva, na minha opinião. A boa música tem regras na sua construção que foram feitas com um objectivo. O que pode haver de mais subjectivo na música pode ser é o significado que atribuis à música. Não que seja preciso ter aprendido musica para a compreender, só acho é que há um certo “treino” que se pode fazer para educar o ouvido.
Acho que não sei ser mais explícita em relação a esta questão, espero que tenham percebido e que tenha feito uma boa contribuição para o debate.

Luisa disse...

Na minha opinião, e como já disseram, a música deve ser avaliada qualitativamente. Pela sonoriadade e letras, elas mesmas algo subjectivo: tanto a sonoridade, - porque a musica também varia com as "modas", com o tempo (e não estou a falar de música de há 50 anos), e a forma como é considerada - como as letras - como é óbvio os temas variam consoante épocas ou lugares. Talvez nessa avaliação, a meu ver, a música não deva ser avaliada de acordo com os sentimentos que cria em nós, porque há algo mais concreto que isso: por um lado, a definição de 'música de qualidade' que é criada em nós vai despertar certos sentimentos, mas por outro, no universo actual da música, acho que uma avaliação vai mais para além disso, pois reconheçemos qualidade na arte subjacente à música criada.
Em suma, acho que na avaliação qualitativa da música estão, de certo modo, implicítos sentimentos, e acho que a forma mais justa e correcta de avaliarmos música é conheçendo o mais que podermos do seu universo, em estilos e perspectivas.
Por fim, acho que a imagem nem sequer faz parte da avaliação de música, podem avaliar videoclips, etc, avaliando a qualidade/profissionalismo/arte de um grupo, mas música é música, o resto pode limitar-se apenas a mais uma forma de publicidade.
Só para terminar, e de um ponto de vista mais pessoal, valorizo mto as letras, e isso é para mim um factor importante na avaliação, dou muita importância à mensagem que uma música passa (tb na sonoridade) e na intenção do grupo (moral,filosofica, politicamente,etc), porque se a música tem objecgtivos, esse é, para mim, um dos mais importantes: transmitir, ensinar algo ao ouvinte.
Ficou-me por aqui, desculpem ter-me alongado tanto.

Drogas disse...

olá,
eu concordo que a música deva ser avaliada qualitativamente, através da sonoridade e letra.e acho também que essa avaliação deve ser feita tendo em conta o ano,o tipo de música e também a cultura.
Mas,não querendo ser piegas, acho que os sentimentos que estas despertam em cada ouvinte,são, muitas das vezes,o índice que mais têm em conta quando avaliam uma música ou o vídeoclip desta. Sendo estes sentimentos causados pelo impacto que a letra da música tem sobre ele ou à sua intenção( moral,política ou social).
Pelo menos eu avalio as músicas de que gosto de acordo com o género,letra e na intenção do seu autor.

Meckib disse...

a pois!!
Maria Callas está a vencer..e graças a quem?

Anónimo disse...

Quando me referi a uma transposição de sentimentos música-ouvinte, individualizei um dos aspectos que compõem o abstracto que é a música. Reparem, como a Luísa disse, e muito bem, acontece que os videos, a imagem da banda, são apenas meios para obter fama, e não fins em si mesmos. Isto é, a música tem de valer por si, e não pelo meio como chega ao ouvinte; o que é fisico jamais chegará aos calcanhares do patamar sensível.
Concluo, portanto, que a música tem de ser avaliada pelo que vale em si mesmo, pelas letras e respectiva mensagem, pelo som, pela sua intenção.