Estamos em 1989 e vivem-se ainda as tranquilas melodias tão características dos saudosos 80's, até que surge algo drasticamente inovador. Depois de um simples e discreto single, os Nirvana, ainda sem Dave Grohl, lançam o seu primeiro álbum (Bleach). Apesar de não ter tido uma grande comercialização, este veio romper com os padrões tradicionais que se vão impondo nesta época de transição. Com voz arranhada, guitarra distorcida e bateria em sintonia este é o álbum que inicia a chamada era do Grunge. No entanto, este álbum passa despercebido quando comparado com o seu próximo álbum: Nevermind. Aliás, arriscamo-nos mesmo a dizer, que todo o grunge passa despercebido até ao surgimento deste álbum que revolucionou e deu novo alento ao próprio conceito do grunge que até então era quase inexistente. E de certa forma é fácil perceber o porquê de isto ter acontecido, este álbum é substancialmente diferente do Bleach. Os conceitos mantêm-se, mas a sonoridade evolui de forma bastante positiva, com músicas com uma sonoridade mais elaborada que ficam na memória e na saudade de qualquer um, como é o caso de Smells Like Teen Spirit, Come As You Are e Polly. Tornou-se assim um álbum mais easy listening, não tendo contudo perdido qualidade. Se muitas vezes "acusam" os Metallica de terem levado o metal ao mainstream, acho que não se pode dizer menos sobre os Nirvana em relação ao grunge.
Poderíamos falar em números para explicar o quão assombroso foi o sucesso da banda com o lançamento de Nevermind , mas deixemos que a constante nomeação deste álbum para integrar as listas de melhores álbuns de sempre falem por si...
O In Utero foi o sucessor natural do Nevermind. Com o mesmo género melódico, letras fortes mas ao mesmo tempo acessíveis a todo o público. Este é considerado por muitos críticos como o apogeu da banda. Se o Nevermind lançou os Nirvana para o topo, o In Utero soube mantê-los por lá.
No entanto Kurt Cobain era demasiado peculiar mesmo para além da escrita e interpretação de canções, e isso foi óbvio na forma como lidou com a fama. Ao contrário de muitos, não se deixou iludir pelo dinheiro e pelo prestígio que tinha, mas por incrível que pareça, parece ter agravado a sua condição psicológica com tudo isso. Devido à sua doença bipolar, Kurt Cobain sofria constantes depressões. Essa doença deu mesmo origem à canção Lithium, que significa Lítio, um elemento usado para combater esta doença.
Diz-nos o bom senso que o que é bom (ou neste caso, muito bom) acaba depressa, e os Nirvana não são excepção...
Estamos em 1994 e os Nirvana estão no auge. Concertos nos mais variados pontos do globo e a consagração perto de ser feita durante a gravação do seu Unplugged nos estúdios da MTV em Nova Iorque, façanha essa só ao alcance das melhores bandas não faziam prever o que se passaria meses mais tarde.
April 8th, 1994,
"Notícia de última hora: Kurt Cobain, vocalista da banda Nirvana foi encontrado morto em sua casa, as autoridades suspeitam que tenha sido suicídio."
E foi com uma notícia idêntica a esta que se fez luto no mundo da música.
Morreu a alma dos Nirvana e com ela também o corpo que a suportava. Estava desfeita aquela que será sempre lembrada como a grande impulsionadora do movimento das sapatilhas All Star, das camisas de flanela, do cabelo comprido e atitude descontraída. Estava desfeita mais do que uma banda de música, tinha acabado A banda de eleição de milhões de pessoas em todo o mundo.
Ainda nos dias que correm, a sua morte está submersa em muita controvérsia e dúvida quanto à autoria da sua morte.
Morreu a lenda, permaneceu o legado...
Leaven: Esse legado, foi-me passado pelos meus primos era eu ainda uma criança e subsequentemente, muito verde no que toca a música. A verdade é que até aos dias que correm, nunca deixei de ouvir e gostar de Nirvana. Não foi um simples momento de agrado ou uma vulgar corrente de moda, foi e continua a ser algo intrínseco à minha pessoa. É o legado que me foi passado e que espero conseguir o mesmo sucesso quando for a minha vez de passar este valiosíssimo testemunho.
Luís Miguel: Confesso que comecei a ouvir Nirvana há relativamente pouco tempo, pois ao contrário do Leaven não tive a sorte de ter influências tão boas no que toca à música. No entanto, conheço toda a obra deles e se mesmo eu nutro uma admiração por eles e quando o Kurt morreu tinha eu 4 anos, imagino aquilo que não sentirão pessoas que viverem o auge da carreira deles...E é esse sentimento que sei que existe que me faz admirá-los tantos. A música tem de ser mais, muito mais do que um conjunto de sons. Tem de ser sentida e verdadeira por parte de quem a compõe e tocante para quem a ouve. E se houve alguém que conseguiu fazer isso bem foi sem dúvida Kobain e Cª.