10/03/2008

Friend Against The Wall - Março

No interminável universo da música, foi me concedida a honra de vos falar de Tool - aquela que é uma das bandas que mais admiro.

A banda Californiana, nasceu em 1990, e, actualmente, conta com a presença de Danny Carey (baterista), Justin Chancellor (baixista) - que se juntou aos Tool em 1995 para substiruir Paul D'Amour -, Adam Jones (guitarrista) e Maynard James Keenan (vocalista).

Os Tool contam com 4 álbuns: Undertow (1993), Ænima (1996), Lateralus (2001), 10,000 Days (2006). Dois EP's - Tool, também conheçido como 72826, demo (1991) e Opiate (1992).

E ainda uma compilação: Salival (2000).

O nome da banda ( tool = ferramenta ) surgiu para expressar o objectivo dos seus criadores em transformar a sua música numa ferramenta para a compreensão de algo ou para a realização de um objectivo para quem a ouve. Como próprio Maynard certa vez disse:

« Tool is exactly what it sounds like: It's a big dick. It's a wrench... we are

...your tool; use us as a catalyst in your process of finding out whatever it

is you need to find out, or whatever it is you're trying to achieve. »

No seu primeiro álbum Undertow, a banda surgiu sob um estilo mais tharsh metal, evoluíndo, nos registos seguintes, para um rock mais progressivo, revelando uma individualidade cada vez mais óbvia - com linhas de baixo bem trabalhadas e distorções de guitarra criadoras de um ambiente único, numa secção rítmica brilhante, fonte de texturas incrivelmente envolventes - os Tool tornaram-se mestres no estilo progressivo.

Ouvi-los, torna-se uma experiência única em que a música fala por si própria e onde as palavras são meros guias, que nos despertam para onde a música nos leva.

« Music should always come first. If the words were so important and the music wasn't, then people would be doing sold out spoken word tours, and music would be secondary, but it's not. Because the music is what cares all the emotions, the words just kind of define a little bit

where the emotion is going. »

by Maynard James Keenan
http://www.youtube.com/watch?v=K-3xh9Ht-vo

Ainda assim, a singularidade na voz de Maynard revela-se um guia fenomenal e desconcertante que nos envolve e transporta para um mundo vulnerável, onde se vive a música.

«(...)so we need you to find a comfortable space, that it's not only comfortable but vulnerable... to just shut your eyes and go there... We will meet you on the other side...»

Esta tentativa de reduzir o efeito das letras na percepção das músicas, vem acompanhada de um outra característica de Tool, na desvalorização da imagem perante a música, em que, nos oito video clip's realizados pela banda, apenas os dois primeiros contam com a presença dos membros da banda[3]; o mesmo acontece nas actuações ao vivo - na excentricidade patente na pele que o vocalista veste em cada tour, e na própria disposição da banda em palco.

Vejamos duas amostras da genealidade dos seus videoclip's, ambos dirigidos por Adam Jones (guitarrista), (no caso do 1º - "Prison Sex" a animação é feita através de stop motion; o 2º vídeo corresponde à "Schism", um dos meus favoritos).

Mais do que uma banda que escreve música de forma divinal, mais do que as letras enigmáticas que ilustram o que nasce dos instrumentos, a música dos Tool, representa toda uma complexidade musical e conceptual que canta temas filosóficos, actuais, sociais, etc. com uma pitada de ironia e sarcasmo: a crítica a temas como a religião, bem evidenciada em "Opiate"; críticas ao sistema como em "Ænema", ou em "Hush" num tom mais irónico; filosofia e espiritualidade presentes na essência de Tool, evidenciando-se essencialmente nos álbuns Lateralus e 10,000 days; e ainda músicas como "Disgustipated[1]" sobre o apocalipse que as cenouras enfrentam em dia da colheita, ou a "Die Eier Von Satan[2]" cantada em alemão, que, ao contrário do que aparenta, não passa de uma receita de bolachas.

Por tudo isto, e tanto mais compreensível apenas aos ouvidos, vale a pena ouvi-los.

Bem, espero ter conseguido mostrar um pouco do mundo de Tool (principalmente para quem não os conheçia) - ainda que haja coisas que as palavras não consigam dizer e que o mundo da música, quando a sentimos, seja só nosso.

Um obrigado aos administradores e aos leitores do blog.

por Luísa a.k.a. '2+2=5'


Leaven - O meu primeiro contacto com Tool ocorreu num inesperado local que foi a MTV2, quer dizer, eu estava no meu sofá a fazer zapping. Mas, porque parei eu naquele canal? Na verdade, não foi pela sonoridade, mas sim por aqueles desconcertantes videoclips completamente surreais tão característicos dos Tool. A partir desse momento, não pude ficar tranquilo enquanto não dilatasse os meus conhecimentos por aquela banda. As surpresas eram contínuas, começando a ouvir e a descortinar as suas letras, fiquei completamente rendido ao poder irreverente dos Tool e do seu vocalista Maynard James Keenan... Assim, pesquisei e ouvi as suas músicas com tamanha voracidade que contagiei aqueles que me rodeavam com a febre que os Tool. Uma dessas pessoas foi a Luísa, que conseguiu de forma soberba dar ao leitor uma curta mas boa perspectiva da grande banda que são os Tool.
Muito Obrigado Luísa

Luís Miguel - E foi com o maior prazer que vos presenteámos com o artigo do vencedor da edição de Março do Friend Against The Wall. A Luísa conseguiu cumprir na perfeição aquilo que pretendemos com este concurso. Mais do que querermos que nos apresentem bandas, queremos que nos apresentem a vossa banda preferida, e o porquê do gostarem tanto dela. E neste caso em particular isso foi conseguido de forma sublime.

Em relação aos Tool, acho que pouco mais há a dizer. Tive a oportunidade de ouvir os 4 álbuns de estúdio deles, e desde a primeira audição sempre me pareceram uma banda diferente, com algo mais. E isso veio a confirmar-se à medida que ia progredindo na audição. De resto, conhecerão muito mais da banda caso prestem total atenção ao que foi escrito pela Luísa.

A esta, um sincero obrigado. A quem ainda não nos mandou os artigos, não perca mais tempo.

4 comentários:

Luisa disse...

E eu agradeço de volta ao Leaven - por ter sido ele a despertar-me para o mundo de Tool, - e também ao Luís pela apreciação que fizeram do texto. muito obrigado. (:

Anónimo disse...

Fantástico.
Deixo o meu legado, a minha admiração por Tool. Músicas que se devem ouvir com um pouco mais de atenção, absolutamente inebriantes.
Ah Leaven, obrigada por estes (e pelos outros todos)
Parabéns Luisa, exprimiste muito bem o quão gratificante e ouvir Tool.


Ana Luísa.

Rita disse...

Excelente Luísa, um bom artigo sobre essa grande banda que são os Tool, que expressa bem essa tua grande -e mais que muito fundamentada- admiração.
(Estou a ver que o Leaven é responsável por passar conhecimentos a muita gente)
Quanto aos rapazes aqui do SATW, para quando o artigo da figura marcante da música?

Luís Miguel disse...

Enthilza, só hoje entrámos oficiosamente de férias. Vamos tentar fazê-lo antes de sexta, mas não prometemos nada. Se não der até lá, só a partir do dia 24.

Obrigado a quem comenta.