06/02/2008

Friend Against The Wall - Fevereiro

O Sounds Against The Wall orgulha-se de anunciar que o primeiro(a) vencedor(a) do concurso: "Friend Against The Wall" é: Enthilza que nos deslumbrou com um artigo sobre os Motor City Five.


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Motor City Five – A explosão de Kick Out The Jams.

Kick Out The Jams. Este foi o álbum de estreia de Motor City Five. Estas foram as primeiras músicas que ouvi deles. Esta é a banda que revolucionou a história.
Como numa missa, a verdadeira fé ergue-se naquele que é um dos álbuns mais efervescentes da história. Foi numa mítica noite em Detroit, quando os calendários assinalavam o ano de 1968, que MC5 (Motor City Five) gravaram ao vivo o seu primeiro álbum, que ficaria para a história como um legado intemporal, Kick Out The Jams.
Com clara influência de Blues e Jazz – e dos seus grandes génios como Coltrane – MC5 combinam-nos perfeitamente com o duro Rock e criam música que estende qualquer etiqueta para algo mais. Não importava ser fixe, o essencial era deitar tudo cá para fora, as cordas vocais, o suor, o sangue, saltava cá para fora e espalhavam-se sobre a plateia pelos amplificadores em acordes lunáticos, solos que gritam aos deuses do profundo ser consciente, batidas que ditam o ritmo a que o sangue é bombeado do nosso coração.
Quando se põe este CD numa qualquer aparelhagem somos transportados para a plateia daquele concerto, assistimos e vibramos com pura essência Rock, todas as nossas células são transportadas numa viagem crua e cheia de alma para as guitarradas incandescentes, que abrem as portas de um mundo memorável, onde uma bateria apressada e fervorosa ruge pela noite num momento em que história era feita, e uma incrível voz testemunhal, de Rob Tyner, ecoa por calminhos ainda não explorados, comprimindo nas asas dos dedos dedilhantes a deixa para tudo aquilo que viria a seguir.
Estes senhores – com Dennis Thompson na bateria, Wayne Kramer e Sonic Smith na guitarra, e o vocalista Rob Tyner – foram o protótipo do Punk, pais do Rock, no fundo, padrinhos de vários estilos que os seguiriam.
A sua energia e garra em palco influenciou centenas de artistas e inspirou tudo o que viria a seguir, quer pelas suas fortes influências políticas de esquerda, o seu estilo revolucionário ou a música forte e actuou como uma verdadeira bíblia escondida daqueles tempos que a nossa geração nunca imaginou existir, mas que ainda hoje marcam a música. Este é o testemunho de um deus, um Messias, que todos deveriam conhecer, a que todos deveriam vibrar. No fundo, são os grandes clássicos, escondidos na sombra do independente. Enquanto se ouve Kick Out The Jams, MC5 são as veias do cérebro, são o ar que exalta pelos pulmões, são os músculos que nos sustentam os ossos, a nave que nos transporta para um tempo e lugar nunca antes conhecidos. Este é um álbum que marca quem o ouve, um legado mais tocante que Sgt. Pepper’s e, no entanto, esconde-se na bruma, ocultado por milhares de vozes masterizadas por computadores. Este é o álbum que a nossa geração precisava para ser reinventada.

Discografia:

Álbuns:

Kick Out The Jams – 1969

Back In USA – 19670

High Time – 1971

Babes In Arms – 1983


Compilações:

The Big Bang!: Best of the MC5 – 2000

Singles:

I Can Only Give You Everything - 1967

One of the Guys - 1967

Looking at You -1968

Borderline - 1968

Kick Out the Jams - 1969

Motor City is Burning - 1969

Tonight - 1969

Shakin' Street - 1970

The American Ruse - 1970

Over and Over / Sister Anne - 1971


Enthilza


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Para quem não se lembra, este artigo vem na sequência do nosso pedido para alguma colaboração por parte dos leitores. No meio das (ainda poucas, mas boas) propostas que nos chegaram, ambos ficámos impressionados pela forma como o artigo foi escrito.

A escolha do SATW recaiu sobre este artigo não só estar escrito de uma forma que alicia à audição de Motor City Five, mas por essa mesma escrita conseguir transmitir o enorme prazer que sentimos ao ouvir a nossa banda favorita, e acho que todos os que gostamos de música temos a noção do quão difícil isso pode ser.

Assim, damos os Parabéns e deixamos o agradecimento à Enthilza por este magnífico artigo.
Tal como tinhamos prometido, o vencedor vai ter direito a um prémio, ainda que simbólico. Neste caso a
Enthilza vai ter a oportunidade de colocar uma questão à próxima banda a merecer uma entrevista no SATW. Essa entrevista será publicado no mês de Março e terá, se tudo correr como desejamos uma banda com valor mais que provado com interveniente.

Caso queiram seguir as pisadas da Enthilza e colaborarem connosco, podem fazê-lo enviando os vossos textos para os seguintes mails:

luismiguel_sps@hotmail.com
fonzie_750@hotmail.com

2 comentários:

Luisa disse...

Confesso que nunca tinha ouvido nada deles, mas o texto despertou-me o interesse.
Os meus parabéns à Enthilza pelo texto, é admirável a forma como ela começou o texto e como foi descrevendo a sensação de ouvir MC5. (só me desculpo pela pobreza da minha apreciação, pois gostei mesmo mutio.)

Agora, resta-me descobri-los..

Anónimo disse...

Também não conhecia a banda em questão, mas a apreciação da Enthilza alicia a uma procura mais profunda destes.

Quanto ao texto em si, é mesmo coisa de Enthilza (que mais a dizer?) :)